sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Companhias.

Ela estava só. 
Fisicamente, não havia ninguém ao seu lado, mas sua mente estava cheia de memórias e diálogos. 
Havia uma multidão dentro dela. 
A mesa posta pra um, a marca do batom preferido na taça de vinho e a música ambiente compunham o cenário perfeito. Havia se retirado da vida por um tempo para se reencontrar, ver e sentir o desconhecido e ampliar seus horizontes. 
Conseguiu.
Estava fora de casa há três dias e ainda havia um último por vir. Lembrou-se das coincidências, das pessoas que conhecera e do tanto que aprendera nos dias precedentes. Por dentro, riu da ironia do destino, por transformar algo tão inusitado em uma experiência perfeita. 
Sentiu-se nova.
As ruas diferentes, o cenário artístico e todos os sentimentos que tivera nos últimos dias se reuniram num só. Por fim, constatou que não estava só e que nunca estaria. 
Contemplou o jantar servido na mesa posta pra um e lembrou-se de que nunca esteve só. 
Ela ainda se reconhecia. 
Ela ainda era completa.
Ela ainda era dela.