segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Vaidades.


Havia uma mulher que era apaixonada pela beleza. Dia após dia, ela buscava formas de manter-se estonteante e fazer com que os homens caíssem aos seus pés.

Uma tarde, olhando-se no espelho, perguntou:

- Existirá algum modo de embelezar-me mais?
Ao que o espelho, num súbito, tomou vida e respondeu:
- Estai contente com tua beleza, pois ela reflete o fruto da tua idade.
- Mas ninguém sabe minha real idade. A todos, digo que sou dez anos mais jovem! – contestou a mulher.
- Então não deves te preocupar. Se o dizes e lhes acreditam, então não há nenhum modo de embelezar-se mais. – disse o espelho, deixando a magia e retomando sua forma original.

A mulher continuou a dizer de seus anos a menos e a envaidecer-se cada vez mais. Cometia adultérios, embriagava-se e aproveitava o máximo que a luxúria em seu corpo lhe permitia. Ao final de dez anos, aparentava ter vinte a mais. E a cada cinco, o dobro. Percebeu que, em pouco tempo, sua beleza já era escassa e que os prazeres da carne já não lhe eram mais concedidos, uma vez que já não despertava mais o interesse de tantos amantes.

Recorrendo novamente ao espelho, implorou para que lhe fossem concedidos anos de juventude, porém nada aconteceu. Clamou por sua aparência ao objeto sem vida, pois sofria com a falta de sensualidade. Ao que o espelho toma vida novamente, e sua imagem refletiu o corpo de vinte anos atrás. Olhou suas mãos enrugadas e viu que não era real, mas se sentia feliz em enxergar-se bela novamente.

Vestiu sua melhor roupa, pôs-se frente ao espelho, serviu-se do melhor drink e acendeu um cigarro. Deu um trago e murmurou para si:
- Que os deuses me levem, pois, e que eu não me lembre deste corpo enferrujado, mas leve este reflexo pela eternidade. Bela, sempre bela...