sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Fedô

Uma barulhenta manhã na cidade maravilhosa denuncia algo que não é muito difícil descobrir: Voltamos do feriado sem dormir. As turbulentas notícias matutinas anunciam a insônia do fim de semana unindo-se à correria nas calçadas. Pra mim, uma mineirinha da gema, soa meio estranho.

Em Minas, querendo ou não, tudo volta em clima de preguiça, com gostinho de quero mais. Aqui no Rio, a muvuca aparece até nas praças vazias. Os pombos parecem entender que tudo está de volta e cumprem sua função de abandonar os céus e preencher os bancos abandonados das praças do centro.

Não consigo dizer ao certo o quanto é estranho, mas é. E não falo só do sotaque. Tem toda a apreensão das ruas, a tentativa de seguir os conselhos da mamãe de "cuidado com a bolsa, é muito perigoso, não fique sozinha na rua até tarde", e a segregação. O aroma fétido das ruas, representa os gritos de classes separadas por um universo de vias. As mesmas que, há muito, diziam esperança àqueles que se aventuraram em busca de algo melhor. E encontraram apenas o mau cheiro.

O Rio de Janeiro fede. À insegurança, beleza e desigualdade. Tudo misturado em um só lugar. Aquela que chamam de maravilhosa, carrega consigo uma máscara que muitos gostam de ver.

Mas, o fedô, ninguém consegue abafar.