sábado, 23 de julho de 2011

Infinitos.

Era tarde e ela estava entediada. Não queria saber de ficar em casa e, muito menos, de tentar adentrar àquele mundo fútil entre algumas paredes. Era calmo e quieto, mas pra ela era quieto demais.

Era belo, longe das confusões metropolitanas e das luzes que ofuscam o céu. Mas, ainda assim, não via beleza. Fora consumida pela falta de ânimo e nada a fazia mudar de ideia. Até então.

Buscou à agenda e discou. Esperou e, quando foi atendida, deixou que as palavras saíssem de sua boca sem sequer filtrá-las.

Me tira daqui, ela gritava. Do outro lado, uma risada familiar se divertia com seu desespero, afirmando com segurança: "To indo te buscar!".

Pegou a mochila, que nunca fora desfeita, e direcionou-se à saída. Gritos vieram ao fundo, mas ela não se importava. Estava dominada pelo frenesi da fuga.

Partiu. Encontrou-se com aqueles a quem tinha amor - de amigo e de sangue - e rumaram ao mundo que era só deles. Um mundo onde ela sequer era ela. Onde deixava-se dominar pelo mínimo de êxtase existente. Onde o importante era apenas dela.

Riram, seduziram e contaram casos sem sentido. As horas passavam, mas elas não se importavam. Queriam entregar-se à noite e dela nunca mais sair. Queriam a eternidade em um segundo e o mundo em um grão de areia. Elas eram do infinito.

Ela estava feliz. Dominada pelo passar das horas e pela insignificância de sua contagem, lembrou do tempo em que o sentimento era pleno. Contou seus casos e os relembrou com saudade. Desejou voltar e desejou estar ali. Estava dividida. Pela primeira vez, estava começando a atravessar a ponte entre o céu e a escuridão. Não sabia o que sentia, mas sabia que não era como antes. Era bom.

Ela sabia que era só uma questão de tempo e estava se permitindo viver esse tempo. Seu infinito nunca se acabaria e estaria sempre esperando por ela.

Quantas e infinitas vezes o quisesse.