terça-feira, 16 de setembro de 2014

Um.

Escolheu a vida só, além do dois.
Teve dúvida, medo e incertezas quanto às próprias capacidades.
Julgou-se.

Havia abandonado a zona de conforto e partido para o desconhecido, de peito aberto e coração na mão.
Temeu o futuro.

A dor aguda, constante e inevitável traziam angústia, mas também um certo alento.
Sentia um paradoxo sem fim.
Sem explicação.

Pensou nas dores de amor como as chuvas em Março nas terras Tupiniquins.
Mesmo fortes e persistentes, passam com a chegada de Abril e o sol do Outono. 
Pensou nas folhas tocando o chão e levando consigo cada sentimento e memória do que foi.
Refletiu.

Pensou em si, nos planos, nas coisas boas que ficaram e questionou o que estaria por vir.
Cogitou sua idade.
Contou tempo, espaço e metas.
Questionou o futuro.

Na árvore de sua vida, um uma brisa levou consigo a última e resistente folha.
Tudo se esvai.

O coração esvaziou, a cabeça se preencheu.

Como um moinho d’água, seus pensamentos se renovaram e o coração se aquietou. 
O inverno que pareceu demorar pra sempre foi inundado com uma imensidão de brotos e novos sentimentos.
A água agora era fresca e seus pensamentos também.

Cresceu.

Na clarividência de sua força, enxergou-se longe.

A cada flor, uma nova experiência.
A cada experiência, uma lembrança.

Rezou baixo para que essas, sim, prevaleçam.
E que se multipliquem a cada desabrochar.

Pensou que ser um não é ser só.
Mas apenas permitir-se viver uma nova primavera.